O TALENTO DE UM FAISQUEIRO
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O
TALENTO DE UM FAISQUEIRO
Antônio
e Euzébia casaram no dia 8 de dezembro de 1929 e Raimundo Teixeira Nolêto
nasceu no dia 20 de dezembro de 1930, para alegria dos pais. Foi a 1ª criança
nascida aqui na cidade de Miracema do Tocantins, Quando era Bela Vista.
Raimundo
cresceu em graça e sabedoria, caminhou com 9 (nove) meses, falou com 10 (dez) e, aos
5(cinco) anos o pai tinha o prazer de chamar as pessoas para ver o seu
primogênito ler fluentemente.
Cada
dia que passava, Mundico como era chamado pelos familiares se desenvolvia e
mostrava sua inteligência diferente das crianças de sua idade.
Os
pais agradeciam a Deus pela graça e pediam que o filho sempre tivesse a vontade
de crescer tanto profissionalmente como no amor ao próximo, pois essas
qualidades já nasceram com ele.
Mundico
fez o curso primário ao ginasial em Porto Nacional, no Colégio Sagrado Coração
de Jesus das irmãs Dominicanas.
Em
Porto Nacional o menino era conhecido pela sua inteligência e sinceridade no
que fazia.
Surgiram
no norte goiano os garimpos de cristal e foi para um deles”Piaus” que os pais
de Raimundo se dirigiram na ânsia de
ganhar mais para o conforto da família.
Mundico
quando ouviu falar no garimpo ficou tão animado que queria que seus pais fossem
logo. Ele dizia: é lá que vou fazer o meu pé de meia.” Todos riam da confiança
e do encantamento daquele garoto, tão novinho e com ideias tão grandes.
Uma
das suas maiores alegrias foi quando chegou o dia da viagem.
A
família chegou ao garimpo, lugar de muito dinheiro mas de muita violência e como algumas pessoas
diziam: lá matavam só para ver a queda.
A
mãe de Mundico tinha muito medo, pois o filho não se contentava em ficar quieto
em casa. O garoto pensou vários dias para resolver qual seria o seu trabalho,
daquela época em diante pediu a Nossa Senhora que desse uma luz e foi aí que
optou para ser um pequeno faisqueiro.
Depois
de pesquisar quais as ferramentas necessárias para o seu trabalho, começou a
trabalhar acreditando no êxito daquela profissão.
Pela
manhã, depois de tomar o café colocava no ombro o seu embornal branco e
dirigia-se para o manchão área ao lado das catas (grandes buracos de onde era
tirado o cristal pelos garimpeiros).
Todo
cristal refugado pelos faisqueiros e capangueiros: pirâmides, pedras e pedaços,
eram recolhidos e colocados no embornal do pequeno faisqueiro, os grandes
compradores de cristal se encantavam com aquele empreendedor tão novinho, mas
que dava exemplo de trabalho e perseverança a muitos adultos. Depois de um dia
de trabalho, o cristal recolhido era beneficiado por ele e vendido para aqueles
compradores que o tinham jogado no manchão sem dó nem piedade.
Depois
de um ano, quando a família resolveu sair do garimpo o faisquerinho já tinha
feito o seu pé de meia e juntado muitos cruzeiros (moeda da época) antes de
sair grandes capangueiros como o Sr.
Rodolfo sempre estavam atrás do seu pai, pedindo para que ele deixasse o seu
filho ir com eles para o Rio de Janeiro para fazerem dele um homem com muito
estudo e rico, o pai não deixou.
De
volta a sua cidade era hora de pensar na continuação dos seus estudos, o pai
resolveu manda-lo para Belém interno no Colégio Salesiano. No 1º ano de
internato, Mundico usou o dinheiro que
ganhou no garimpo (o pé de meia) para ajudar o pai nas despesas do colégio e
mesmo nas despesas pessoais.
A
felicidade estava estampada no seu rosto por poder contribuir para sua
formação.
Lá
ele teve muito progresso nos estudos. Era tempo das medalhas e do quadro de
honra, todos os dias o seu nome estava no quadro de honra e a blusa do uniforme
era pesada de tantas medalhas, seu nome era dado como exemplo para os alunos do
colégio.
Raimundo
fez ao mesmo tempo os cursos: contabilidade e cientifico e depois faculdade de
direito.
O
Sr. Pedro Alvares que era responsável por ele em Belém, mandou uma carta para
seus pais pedindo-lhes ordem para tirá-lo
do internato e levá-lo para sua casa, ele
alegava que tinha dois filhos e o Mundico com sua responsabilidade e vontade de
crescer serviria de exemplo para eles.
Os
pais de Mundico consentiram, e ele foi morar na casa do Sr. Pedro.
Daí
em diante as coisas ficaram mais fáceis e ele era tratado como filho.
Terminado
o 2º grau enfrentou o vestibular para Direito passou e estudou com afinco até se formar e começar a vida de um
profissional competente e entusiasta.
Foi
a 1ª criança nascida em Miracema do Tocantins, 1º advogado filho da
cidade e quis a providência divina que fosse o 1º em tudo o que enfrentava.
O
Sr. Pedro viu no Raimundo a figura de um político responsável que seria apoiado
por ele.
O
jovem entrou na politica de corpo e alma, não encontrando muita dificuldade
para se eleger.
Foi
vereador 2 vezes e deputado uma, deixou a política pelos apelos do seu pai que
dizia: filho, você não tem necessidade
de política porque tem sua profissão.
Era
no tempo da revolução, Mundico era deputado, muito dos seus colegas foram
presos e ele apesar de ser vigiado, não
encontraram nada que desabonasse a sua
conduta.
Era
hora de pensar em um escritório de advocacia onde ele trabalharia muito com a
competência que lhe foi dada por Deus e pelo seu esforço.
Deixou
a política e se concentrou em desempenhar bem a sua profissão. Era muito querido
por todos. O seu escritório de advocacia era renomado, muito conhecido e procurado para resolver muitas
causas, até mesmo dos Miracemenses.
Casou,
só teve uma filha que foi educada com muito carinho e participando do trabalho
do pai desde os 8 anos. Quando tinha 15 anos, já resolvia problemas do escritório,
cuidava do dinheiro e dos funcionários, foi uma assessora perfeita.
Raimundo
conquistou um patrimônio razoável, com
conforto e bem estar.
Ele
era religioso e sempre ajudava as instituições de caridade como: a Santa Casa
de Misericórdia e outras.
Era
muito carinhoso com seus familiares, quando sabia que os pais e também sua tia
que ajudou na sua criação estavam doentes ou precisando dele para resolver
algum problema era aí que se desdobrava, mandava passagens, ou ele mesmo vinha
e levava os que estavam precisando.
Foi
um filho, um esposo, um pai, um sobrinho, um irmão e um amigo maravilhoso e não
media esforços para satisfazer as necessidades dos mesmos.
Quando
chegava alguém da sua família em Belém o Mundico tinha grande alegria de
mostrar as partes mais importantes da cidade, os pontos turísticos e explicar a
importância de cada um.
Naquele
tempo muitos jovens de Miracema iam para Belém estudar e o Mundico sentia-se
feliz oferecendo o seu apoio e a sua amizade.
Em
sua cidade natal (Miracema do Norte) recebeu uma homenagem de filho ilustre e seu nome foi dado ao fórum da cidade. Tudo isso aconteceu na gestão do Prefeito Boanerges Moreira de Paula, que sempre valorizou os acontecimentos históricos de Miracema.
Depois
de vários anos de trabalho adoeceu gravemente e morreu aos 45 anos vítima de um
coma diabético.
Era
muito triste quando nas ruas de Belém os jornaleiros vendendo o seu jornal
gritavam; morreu o Dr. Nolêto, (como era conhecido em Belém) morreu o pai dos
pobres . Enquanto isso o cachorrinho Rex procurava o dono pela casa inteira.
Mundico
foi enterrado em Belém e assim desapareceu aquele ser que nasceu para ajudar o
próximo. Sua doença foi rápida e ele não teve tempo de fazer muita coisa que
ainda queria...
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