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Mostrando postagens de setembro, 2018

FEBRONA

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Foto madelperna FEBRONA Soluços abafados modificavam o ambiente da fazenda. A menina aproximou-se, pé-ante-pé, intrigada. Ouviu uma voz “comadre, comadre... eu gosto daqui e não quero ir embora”. A menina teve pena, mas verificou que era a melhor solução. Febrona, uma jovem alegre e muito simpática, morena, alta, olhos grandes, aparentando uns 16 anos, era dona dos soluços. Trabalhava como auxiliar nos serviços domésticos. Tudo começou quando um louco fugiu de uma vila, perto da fazenda do Sr. Jeremias. Caboclo era o seu nome. Vivia acorrentado e trancado em um quarto na sua própria casa. Ao ouvir falar do louco fujão. Febrona, com suas fantasias de menina-moça, criou um personagem e começou a amedrontar as crianças e adultos. Na sua mente doentia, o Caboclo estava na fonte, no pátio, nos currais, atrás da casa, nas árvores, sempre demonstrando muito medo. “olha o caboclo” “aonde?” “Em uma daquelas árvores” e todos falavam ao mesmo tempo: “não estamos vendo” e ela “d

Uma Vida

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                                                    Uma Vida                        Quarenta e nove anos Uma vida de alegrias e tristezas, De ausências e mais ausências. Saúde e doenças, Viagens e viagens, Esperanças e incertezas, Coração apertado. Apelos e agradecimentos. De prole numerosa Diálogos e carências, Alguns sonhos não concretizados. Almas irmanadas, Á vida é mesmo assim Difícil de ser vivida, Mas valeu a pena. Momentos de alegria, Trabalhos e sacrifícios Meios de sobrevivência, Filhos criados, um certo conforto. Cabeças que pensam, Família aumentada Genros, noras e netos. Novos sonhos, novas esperanças E assim vivemos Em uma ciranda de idas e voltas, Fizemos o possível E esperamos a felicidades que não passa... Porque será eterna  Adalgisa Nolêto Perna

A Usurpadora

“Leve tudo que é dele e saia do meu caminho”, assim se expressou aquela mulher sofrida, cheia de   mágoas e lembranças, para quem o egoísmo do ser humano fez mal. Joaninha, a primeira filha de um casal de classe média, alegre, trabalhadora, bonita e um pouco teimosa, envolvera-se com um homem casado. Naquele tempo não havia divórcio e a sociedade era muito rígida e exigente. A teimosia daquela moça lhe custou muito caro. Foram anos de muitas lágrimas e tristeza. O seu erro não teve volta. Assumiu a culpa e contentou-se com monólogo porque não tinha um ombro amigo para recostar a cabeça. Francisco, moço elegante, loiro, cabelos lisos e finos, “um gato”. Mudou-se do Maranhão para Goiás deixando para trás um passado que julgava extinto. Engravidou uma prima e o seu tio exigia um casamento urgente para que a honra da família fosse lavada e a filha não tivesse o nome de mãe solteira. O jovem não amava a prima e a queria apenas para   uma aventura, e revoltou-se com a atit

Miracema – 50 anos (Bodas de Ouro)

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Miracema- 50 anos (Bodas de Ouro) Foto by madelperna Miracema, o que eu podia lhe falar nos seus cinquenta anos? Dizer-lhe que acompanhei o seu desenvolvimento, alegrei-me com suas alegrias, chorei com suas tristezas e fiquei revoltada quando sofria injustiças?.  Você, que era uma criança, cresceu, foi menina, moça, adulta e agora está atingido sua maturidade. Presenciei com entusiasmo, quando você ficou independente, quando foi capital e a vinda de muitas pessoas de outras cidades e de outros estados para somarem conosco. De uma hora pra outra o progresso se instalou em suas ruas, praças e avenidas, sanando por alguns meses muitas das carências que nos afligiam. Você Miracema, amada por seus filhos e por quem chega aqui, ficou toda dengosa, mas os mimos não eram dirigidos a você e sim a 1ª capital do Tocantins. Quando cheia de vida e de sonhos de uma noite para um dia transformou-se novamente em uma pequena cidade do interior com muitos habitant

Essa vida é uma mentira

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                                                                 Foto by Madel Perna Mentira de amor, mentira de felicidade Mentira de respeito ao outro  Às vezes mentira na nossa própria mentira. O homem insatisfeito sempre quer mais...  Nunca está de bem com a vida Vida boa, vida amiga, Vida de encontros e desencontros... Vida mal interpretada, de orgulho, egoísmo e do Eu.  "Eu" que atrapalha e que não nos faz enxergar Orgulho que nos faz ter vergonha De agradecer, elogiar e pedir desculpas Egoísmo que nos torna incapazes  De ver além dos nossos próprios olhos  Pessoas insones, cansadas e sem tempo, Muitas lutando contra a própria sorte, Outras tendo muito e achando que não tem nada.  Os homens querem mais e mais...  Algumas pessoas na sua rebeldia, Maltratam e matam os outros, Muitos sem chance de mostrarem os seus talentos, Caminham vida a fora E ficam nas encruzilhadas.  É necessário olhar de frente a vida Sem medo de quebrar a cara. 

Efeitos da cobiça

     Adalgisa Nolêto Perna Década de 40, tempo conturbado pela Segunda guerra mundial. Coisas inéditas aconteciam no mundo inteiro. O Brasil também ressentia-se dos efeitos daquela guerra e chegou a mandar jovens para lutarem ao lado das forças aliadas. No meio de tudo isso,   surgem no norte de Goiás, hoje Tocantins, garimpos de cristal, revolucionando o Brasil de norte a sul. De todas as partes do nosso país dirigiam-se pessoas para os garimpos, pensando na facilidade de ganhar dinheiro, o que muitas vezes não acontecia. O cristal estava valorizado naquele tempo, e muitos chefes de família deixaram seus parentes queridos e chegaram ao garimpo para ficarem ricos ou mais pobres do que eram. Piaus era o maior dos garimpos e foi lá que o Sr. Deocleciano decepcionado chorou e arrependeu-se enquanto era tempo. Homem bom, moreno, de estatura média cabelos e olhos castanhos, tipo do brasileiro nato. Era comerciante em uma cidade do Piaui. Depois de combinar c