O MEDO QUE CORRÓI A TODOS
O
medo que corrói a todos
- Vovó, vovó estou com medo
de ir para a escola. Será que vão matar os alunos em todas as escolas? Assim se expressava o netinho.
- Não meu netinho, as
escolas são a segunda casa dos alunos e estão para ajudar.
- Vá tranquilo, reze e nada
acontecerá, pois Deus está conosco.
As ponderações do netinho fizeram
com que a avó se transportasse para aquele dia em que professores, funcionários
e alunos foram vitimas do ódio de dois jovens cheios de vida e que poderiam dar
a sua contribuição para o melhoramento da escola Raul Brasil.
A pergunta que ficou no ar
é: por que dois jovens passaram mais de um ano planejando um ataque a uma
escola? Enquanto eles planejavam, ninguém da escola foi avisado, fizeram tudo na
surdina. Se eles se aconselhassem com pessoas adultas de boa índole, se
dialogassem com familiares, nada disso teria acontecido e a escola deles e os familiares
estariam com aquelas crianças. queridas que perderam a vida.
Ouvimos o desabafo de alguns
pais que apesar do sofrimento de perderem os filhos ainda tiveram força para
externar seus pensamentos. Um deles agradeceu a Deus pela graça do filho ter
passado 16 anos em sua companhia, o outro dizia: nós somos os culpados por tudo
isso porque fomos educados de maneira diferente e hoje, deixamos os nossos
filhos fazerem o que eles querem, e o que eles entenderem, uma mãe disse: o meu
filho tinha tudo em casa até TV a Cabo, mas não conversava e nem dialogava
comigo.
Os especialistas dizem que
os jovens podem ter tudo, mas se não tiverem amor, nada disso valerá.
Os atiradores tinham um
verdadeiro arsenal: armas de fogo, entre elas, uma besta, arma medieval , arco,
flecha, machadinha e a vontade de matar.
Antes de adentrarem a escola
os atiradores mataram um empresário, tio de um deles.
O resultado do tiroteio foi:
10 pessoas mortas e outras feridas. Depois de uma semana quatro alunos ainda
permanecem hospitalizados.
No meio de tudo isso existe
as pessoas que nasceram para ajudar: a coordenadora pedagógica, a inspetora de
alunos, a vice-diretora que se trancou com alunos em uma sala para tentar
avisar e pedir ajuda à polícia, a merendeira, que conseguiu salvar da morte mais
de 50 crianças, trancando-as na cozinha, os vizinhos que abriram suas portas e
portões para que alunos em fuga entrassem e se protegessem.
A aluna que lutou com um dos
rapazes e conseguiu fugir abrindo a porta para os outros saírem, ela contou que
alguns alunos ficaram travados sem poderem sair dos lugares em que estavam e
foram mortos com a maior crueldade. Ela contou que quando
abriu a porta e os atiradores viram os alunos fugindo ficaram desnorteados por
algum tempo.
E por que não falar dos
policiais que evitaram tragédia maior? Eles enfrentaram tudo, entraram na
escola sem saber o que iriam encontrar com um único objetivo, ajudar, deixaram
também seus familiares e seus filhinhos sujeitos a todo tipo de maldade, pois
hoje não estamos seguros nem em nossas casas.
No dia 18 de março, as portas
da escola “Raul Brasil” foram abertas para professores, funcionários e pais que
foram recebidos por psicólogos, assistentes-sociais, psiquiatras e foram
surpreendidos com muitas homenagens: inscrições nos muros da escola, camisetas
com frases significativas, cartazes vindos de várias escolas e alguns com
afirmação de que a educação está de luto.
Nessa reunião traçaram
estratégias para a visita dos alunos à escola porque ainda não sabem quando as
aulas recomeçarão.
Os alunos estão
amedrontados, as cabeças cheias de pensamentos confusos e com uma concentração
muito difícil.
Por muito tempo eles viverão
com a insegurança e a lembrança dos acontecimentos daquele dia.
Adalgisa Nolêto Perna
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