ABANDONO FAMILIAR

Imagem retirada da internet


ABANDONO FAMILIAR

D. Amélia nasceu em uma família de classe média alta, era querida pelos familiares e amigos, encontrou um bom marido, teve vários filhos, dedicou-se aos familiares e tinha a esperança de uma velhice cheia de carinho, com o passar do tempo foi envelhecendo e verificando que era necessário atender ao pedido dos filhos: ir para um asilo de idosos.
Chegou ali triste pela saudade mas acreditando ter visitas pelo menos todos os meses, o que não aconteceu.
Passaram-se dez anos e as visitas que no começo eram constantes, foram tornando-se raras até que não aconteceram mais.
Eram horas e horas de insônia, de angustia e de desespero até que um dia a campainha tocou insistentemente e ela que sempre estava à espera de uma visita, levantou-se da cama, vestiu robe e atendeu a porta. Puro engano, não era nem um dos seus filhos e sim uma das companheiras que não conseguia dormir e queria o ombro amigo para chorar.
 Reunindo todas as forças  e buscando alento em sua fé, consolou aquela amiga que teve a mesma sorte que ela, disse que os  familiares da amiga deviam ter os seus motivos para não realizarem as visitas. Falou tudo isso para consolar a amiga.
Deus sabia como estava o seu coração vitimado pelo abandono. Fez sua oração, pediu pela família sempre desejando que seus filhos não fossem abandonados na velhice.
Às vezes nos seus pensamentos queria entender a vida de certas pessoas idosas que apesar de terem batalhado muito para criar os filhos, eram abandonados quando mais precisavam da família.
Qual não foi a sua surpresa quando em certo dia alguém veio lhe visitar, dizendo que um dos seus filhos estava à porta da morte e insistia para que chamasse a sua mãe, pois não podia morrer sem abraçá-la e pedir perdão pelo filho ingrato que foi ele dizia: por favor não me deixe morrer sem falar com a minha mãe.
D. Amélia concordou em ir com a neta e depois de abraçar e pedir perdão a mãe, aquele filho ingrato morreu em paz.
D. Amália viveu alguns anos ao lado dos seus familiares e um dia depois de uma reunião familiar, agradeceu a todos pelo carinho, disse não ter mágoas do passado e que desejava a todos muita sorte e pedia aos netos que valorizassem os seus pais para que eles tivessem a felicidade sonhada.  Já era a hora de se recolher ao quarto, abraçou a cada um e a agradeceu, falou da sua felicidade e sorrindo desejou-lhes uma boa noite.
Às nove horas da manhã ainda não tinha levantado e causou admiração a todos que chamaram, bateram na porta e foi preciso usar os serviços de um chaveiro para abri-la.
E qual não foi o espanto de todos quando ao chamá-la não encontraram os sinais vitais.
A vovó estava como que dormindo, sorrindo ela deixou a família para receber o prêmio daqueles que souberam viver aqui na terra.
Ao lado da sua cama encontraram um bilhete que dizia; quando eu partir, por favor, cante no velório a música do rei Roberto Carlos; é Preciso  Saber Viver... E assim D. Amélia partiu para a outra dimensão.

Adalgisa Nolêto perna


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